Registros, rasuras e repertórios: as marcas de um processo editorial
Dissertação defendida na Escola de Design (UEMG) em 2023. Acesso aqui.
RESUMO: Que o design atua enquanto mediador de significados, não é novidade. Na área de editorial, suas funções tratam mais diretamente de ser veículo de informações, servindo ao conteúdo. Para isso, é importante que o designer tenha em mente que a posição de interface pode e irá interferir na leitura. Assim, nos perguntamos como isso pode ocorrer na prática da criação do designer editorial. Nossa aproximação se deu pela via do processo criativo, a partir da teoria e metodologia da crítica de processos de Cecília Almeida Salles, bem como da semiótica de Peirce; em especial, o conceito de semiose e as três categorias fenomenológicas universais. A questão de pesquisa foi: como a crítica de processos pode nos auxiliar, ao olhar para as semioses do processo criativo do designer editorial, a compreender decisões projetuais em relação às suas potencialidades e funções em um livro científico? O direcionamento a projetos gráficos de livros científicos, classificados como CTP (científicos, técnicos e profissionais) se deu pelo objetivo explícito de disseminar conhecimento, e de editoras independentes, cujo investimento e valor atribuído ao projeto gráfico são maiores. Buscamos, ao analisar documentos de processos de projetos gráficos, encontrar a projeção do leitor e leitura como norteadora e melhor compreendê-la, enquanto analisamos as decisões projetuais por meio de documentos e entrevistas. Comparamos os processos de quatro designers: Ana Bahia, Elza Soares, Leticia Quintilhano e Luciana Facchini, convidadas a partir de uma busca centrada em designers que prestam serviços para editoras independentes. Organizamos dossiês com seus documentos – ao todo, cerca de quatro horas de entrevistas gravadas e mil arquivos digitais coletados. Por fim, procuramos traçar relações entre o design e a chamada leitura contemplativa, buscando esclarecer as funções e potencialidades do projeto gráfico nessas obras, e elaborando diagramas de modo a sintetizar dados e conclusões, além de esclarecer relações que ocorrem ao longo de um processo. Assim, foi possível reconhecer que a perspectiva das designers valorizava as sutilezas e a apreciação da leitura para além da direta leitura linear, de modo a enfatizar a apreciação e fruição pontuais.